Brecht é montado em Bangu por adolescentes do segundo grau que descobrem a magia e o prazer de fazer teatro.
Aquele que diz sim,aquele que diz não foi o texto de Bertold Brecht escolhido para ser montado entre 3 e 14 de dezembro 2001 por alunos da escola Ruben Berta em Bangu. A montagem sinaliza os bons resultados do projeto Passageiro do Futuro, criado e desenvolvido nos últimos seis meses por uma equipe de 12 profissionais da área teatral, comandados pela atriz Juliana Teixeira.
Com o patrocínio de cinco companhias de ônibus da zona sul carioca* , que apostaram no sonho da atriz e decidiram investir no social, Juliana criou um projeto para beneficiar adolescentes da comunidade de Vila Aliança em Bangu, formada por moradores da extinta favela da Praia do Pinto, na Lagoa. O projeto consistiu em preparar os alunos para a montagem e produção de uma peça, a partir do que eles aprenderam com os profissionais da equipe. Três vezes por semana comandados por Marcelo Escorel (interpretação), Deronico Martins(cenografia), Aurélio de Simoni (iluminação), Biza Vianna (figurino), e Mônica Alvarenga (expressão corporal) os alunos construíram o espetáculo.
Além das oficinas, as crianças assistiram a duas peças de teatro, conheceram museus, através de visitas guiadas a exposições de artes plásticas no CCBB e no Paco Imperial, visitaram os Museus de Arte Moderna do Rio e de Arte Contemporânea de Niterói; e o Jardim Botânico.
A intenção do projeto Passageiro do Futuro foi permitir que crianças das classes B e C que nunca tinham assistido a uma peça de teatro se envolvessem com a atividade, e a médio prazo pudessem trabalhar como mão de obra especializada. Com a experiência de aprender e executar junto com os profissionais, os alunos descobriram a magia e possibilidades do teatro e em cinco anos podem vir a ter trabalho como assistentes de cenografia, iluminação, figurino, ou ainda camareiros, propõe a produtora.
Uma surpresa pra todos foi ver que com o correr do trabalho as crianças que eram agressivas umas com as outras descobriram a solidariedade e se encantaram com o prazer proporcionado pela atividade teatral. “A maioria delas é filha de mães solteiras, não tem o nome do pai na certidão de nascimento e vivem em um ambiente onde a violência e o tráfico de drogas predomina”. Fazer teatro significou uma pausa no cotidiano, o desenvolvimento da auto-estima, “a descoberta de que há algo lúdico e prazeroso a ser vivenciado. Elas modificaram as atitudes, o comportamento e até o modo de falar”, diz Juliana Teixeira.
Além da apresentação na escola de Bangu, a peça será mostrada em outras escolas, igrejas, associações de moradores e até na escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel.
*As empresas de ônibus que financiaram o projeto foram a Transurb, a Viação Saens Pena, Tijuquinha, Viação Nossa Senhora de Lourdes e Transporte Santa Maria.
Sinopse
Durante o carnaval uma misteriosa doença ataca os moradores de Aurópolis. A personagem principal, uma menina segue em caravana, rumo `as montanhas para procurar a cura e salvar sua mãe. Desiste no meio do caminho, mas o grupo volta, salva a cidade e o prefeito decreta um novo carnaval.