Circuito Cine Curta quer formar cidadãos e platéias em escolas públicas do Rio.
Pela segunda vez no ensino público do Rio, as secretarias de Educação do Estado e do Município do Rio de Janeiro, em parceria com a iniciativa privada, selecionaram dez escolas que são referência e formam professores, com cerca de oito mil alunos, para aplicar um projeto de reforço escolar que une cinema e pedagogia – Circuito Cine Curta. Desde 26 de outubro e até o final de novembro, o Circuito Cine Curta, uma iniciativa da produtora cultural Juliana Teixeira, vai levar o que foi produzido de melhor em curtas metragens – animação, ficção e documentário – para essas escolas da rede pública localizadas em vários bairros das zonas norte e sul do Rio de Janeiro, contemplando alunos em diferentes faixas de idade, que vão dos 03 aos 20 anos.
São 16 filmes ganhadores de diversos prêmios no Brasil e no exterior que serão exibidos em dez escolas, mostrando um pouco da cultura e história do Brasil com entretenimento, jogos e premiação.
São vários os destaques do projeto. A alta qualidade do material cinematográfico exibido é um deles. São filmes em diferentes linguagens produzidos no Brasil e premiados nos maiores festivais, contemplando nossas diferentes culturas regionais. É uma oportunidade única oferecida aos estudantes de conhecer melhor o país, sua gente e, muitas vezes, a si mesmo. O objetivo é utilizar o cinema como ferramenta pedagógica, fazendo com que os alunos tenham maior facilidade de assimilação de conhecimento e melhorando seu rendimento também nas disciplinas tradicionais. Para isso, foram escolhidos filmes premiados, como “Imagine uma menina com cabelos de Brasil”, produzido por Alexandre Bersot, e grande vencedor do “Premio de Júri Popular no Festival Anima Mundi SP 2010”. Além dele, os alunos terão a chance de ver o documentário “Mauro Shampoo: Jogador, Cabeleireiro e Homem”, filme que soma em seu currículo mais de 15 prêmios, entre eles o prestigiado prêmio de Melhor Curta no ABC – Academia Brasileira de Cinematografia 2006 e Melhor Curta – Júri Popular no Festival do Rio, também em 2006 e “O Anão que Virou Gigante”, 3° colocado no festival Anima Mundi 2010.
O processo pedagógico
Os filmes serão apresentados nos auditórios das escolas e, ao fim de cada sessão, haverá um debate com os alunos, onde serão distribuídos apostila (programas I- IV, elaboradas especificamente para cada faixa etária) e um “kit educação” aos alunos, composto por lápis, caneta, caderno, borracha, apontador e pasta. Aos alunos é proposto que desenvolvam trabalhos com suas impressões sobre os filmes, através de livre criação, estimuladas e acompanhadas por duas pedagogas, indicadas pelas Secretarias de Educação. O processo se dará em etapas que incluem a apresentação dos filmes, debate e votação dos alunos para eleger os filmes que mais agradaram. Posteriormente, as crianças e adolescentes trabalharão em conjunto com os professores de todas as disciplinas tradicionais, em cima de material específico, as apostilas, desenvolvidas dentro do parâmetro curricular federal, um fato inédito no município e que certamente trará desdobramentos profundos na vida acadêmica dos alunos, além de também ser um marco para valorização da educação e desenvolvimento da cidadania. Ao final do projeto, em novembro, os melhores trabalhos e escolas pela criatividade e envolvimento serão premiados com troféus para os três primeiros lugares, além de ganharem curtas para seus acervos que também serão exibidos nas escolas.
O projeto é idealizado pela atriz e produtora cultural Juliana Teixeira, que ao perceber a carência audiovisual, especificamente a cinematográfica de determinadas regiões da cidade, resolveu buscar apoio para levar o cinema num primeiro momento às praças públicas de regiões carentes (Projeto Curta na Praça, de 2008) e, agora, às escolas. O projeto tem o apoio do Metrô Rio – Instituto Invepar, com o objetivo de incentivar a formação de novos públicos, com capacidade crítica.