Projeto forma cidadãos e platéias exibindo curtas em escolas públicas do Rio.
Pela primeira vez no ensino público do Rio, cinema e pedagogia entram em ação para educar e formar novas platéias. Pelo menos 20 mil estudantes da rede pública vão ganhar a partir do dia 30 de agosto um reforço escolar divertido e importante para o seu desenvolvimento cultural: o projeto social Circuito Cine Curta.Até o 08 de outubro, o Circuito Cine Curta vai levar o que foi produzido de melhor em curtas metragens para escolas da rede pública localizadas em comunidades carentes do Rio de Janeiro, contemplando alunos de 03 a 20 anos. São 20 filmes ganhadores de diversos prêmios, no Brasil e no exterior, que serão exibidos em 18 escolas, mostrando um pouco da história, da cultura e dos valores do Brasil com entretenimento, jogos e premiação.
São vários os destaques do projeto. A alta qualidade do material cinematográfico exibido é um deles. São filmes premiados nos maiores festivais, produzidos em sete estados brasileiros e abrangendo as regiões Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Essa variedade de linguagens e culturas diferentes, apresentadas em filmes de ficção, documentários e animações, oferece aos alunos das escolas uma oportunidade única de conhecer melhor o país onde vive, a sua gente e, até mesmo, conhecer melhor a si próprio.
O objetivo é utilizar o cinema como ferramenta pedagógica, fazendo com que os alunos tenham maior facilidade de assimilação de conhecimento e melhorando seu rendimento também nas disciplinas tradicionais. Para isso, foram escolhidos filmes premiados, como “Galinha ao Molho Pardo”, curta inspirado num conto de Fernando Sabino, dirigido por Feliciano Coelho, e grande vencedor do “Premio de Júri Popular no Miami Film Festival”. Além dele, os alunos terão a chance de ver o documentário “Mauro Shampoo: Jogador, Cabeleireiro e Homem”, filme que soma em seu currículo mais de 15 prêmios, entre eles o prestigiado prêmio de Melhor Curta no ABC – Academia Brasileira de Cinematografia 2006 e Melhor Curta – Júri Popular no Festival do Rio, também em 2006 e “O Anão que Virou Gigante”, 3° colocado no festival Anima Mundi 2010.
O processo pedagógico
Os filmes serão apresentados nos auditórios das escolas e, ao fim de cada sessão, haverá um debate com os alunos, onde será distribuido um “kit educação”, composto por lápis, caneta, caderno, borracha, apontador e apostila específica, outro detalhe que dá destaque ao projeto. Com o material em mãos, será proposto aos alunos que desenvolvam trabalhos com suas impressões sobre os filmes, através de livre criação, estimuladas e acompanhadas por uma pedagoga, indicada pela Secretaria Estadual de Educação. O processo se dará em etapas que incluem a apresentação dos filmes, debate e votação dos alunos para eleger os filmes que mais agradaram. Posteriormente, as crianças trabalharão em conjunto com os professores de todas as disciplinas tradicionais, em cima do material específico, as apostilas, pensadas somente para esse projeto e desenvolvidas dentro do parâmetro curricular federal, um feito inédito no Estado e que trará desdobramentos profundos na vida acadêmica dos alunos, além de também ser um marco ao longo caminho para valorização da educação e consequente desenvolvimento da cidadania dos envolvidos. Ao final do projeto, em 08 de outubro, os melhores trabalhos serão premiados com troféus para os três primeiros lugares e eles também serão exibidos nas escolas.
O projeto é idealizado pela atriz e produtora cultural Juliana Teixeira, que ao perceber a carência cultural e, especificamente, a carência cinematográfica de determinadas regiões da cidade, resolveu ir à luta e buscar apoio para levar o cinema num primeiro momento às praças públicas de regiões carentes (Projeto Curta na Praça, de 2008) e, agora, às escolas. O projeto tem o apoio do Hospital Samaritano e do Metrô Rio – Instituto Invepar, com o objetivo de incentivar a formação de novos públicos, com capacidade crítica e formação cultural adequada, além de estimular os diretores e o mercado de curtas no Brasil.