Em sua 18ª edição, projeto de formação profissional de jovens em oficinas de artes cênicas é realizado na comunidade do Caju. Alunos vão encenar ‘O auto da Compadecida’, de Ariano Suassuna.
Em 14 anos, o Passageiro do Futuro levou a 25 bairros a capacitação de adolescentes de 14 a 21 anos para as diversas funções técnicas no teatro: sonorização, iluminação, caracterização (maquiagem), figurino, corpo e voz, cenário, além de interpretação.
JÁ FORAM ATENDIDOS 1.380 JOVENS EM 43 COMUNIDADES, ESTABELECENDO NÚCLEOS DE CRIAÇÃO QUE BENEFICIAM AS COMUNIDADES COMO UM TODO
Era 2001 e uma odisseia começava para a atriz e produtora Juliana Teixeira. Baiana radicada no Rio de Janeiro, integrava o elenco de Tudo no Escuro, peça de Peter Shaffer. “Ali tudo dependia de iluminação e começamos a ter dificuldades em conseguir técnicos para a turnê”. Foi o gatilho para por em prática um desejo de levar o teatro e suas oportunidades artísticas e profissionais às comunidades mais carentes – e também de atender, em alguma medida, a essa carência de mão de obra no teatro profissional. O projeto Passageiro do Futuro ali começava uma trajetória – que completa 14 anos-, e veio cumprir essa missão.
Nesta primeira edição no Caju, o Passageiro do Futuro abriga cerca de 60 jovens, vindos de 09 escolas em 05 diferentes bairros. “São alunos em sua maior parte residentes do Caju, que estudam em unidades escolares de outros bairros”, ressalta Juliana, que por diversos anos fez rotas complicadas pela geografia da cidade, indo de um projeto a outro (veja, no final, o leque de projetos artísticos e sociais da Nova Bossa) e, muitas vezes, em edições simultâneas do Passageiro do Futuro. “Apesar da melhora na difusão cultural, o teatro e as artes de modo geral, ainda são uma realidade distante para a maioria, como percebemos pelos depoimentos dos alunos e responsáveis”.
Este ano, os alunos vão encenar em janeiro o espetáculo ‘O auto da Compadecida’, de Ariano Suassuna, com direção de Mônica Alvarenga.
A trama narra as confusões encabeçadas por Chicó e João Grilo, que tentam convencer o padre a benzer o cachorro de sua patroa, a mulher do padeiro. Como o padre se nega a benzer e o cachorro morre, o padeiro e sua esposa exigem que o padre faça o enterro do animal. “Com este espetáculo conseguimos discutir, ao mesmo tempo, questões políticas, sociais e religiosas de uma forma lúdica”, avalia a diretora. “Nosso objetivo aqui é revelar não só as potências individuais, mas ampliar a capacidade reflexão desses jovens sobre os mais diversos temas.”
Na edição 2015, os alunos tiveram aula com Adriana Seifert (Corpo e Voz), Mônica Alvarenga (interpretação), Nívea Faso (figurino), Leandro Ribeiro (Cenário), Cláudia Carvalho (caracterização teatral) e Chiquinho Rota (sonorização).